terça-feira, 1 de julho de 2008

Minha dor...


Hoje eu sinto uma dor que nunca senti antes. Meu peito dói e as lágrimas escorrem sem parar. Penso na força que meu vovô fez ontem para abrir os olhos e me ver um pouquinho. Me ver pela última vez. O coraçãozinho dele ainda bate. Só o coração. Acho que ele já não sabe mais quem eu sou. Ele não abre mais os olhos...

Ele sofreu desde o começo do ano. Sofreu muito nos últimos dois dias. Em um mês a doença maldita o levou daqui.
Eu nunca perdi ninguém importante. Não sei como fazer. Não sei o que falar. Não entendo como o coração dele pode bater e ele não estar mais lá.... Falaram que assim ele não sofre. Não sente dor. Quero acreditar nisso.

Meu vovô sempre foi presente. Sempre torceu por mim. Sempre me deu carinho. Sempre me contou histórias... Será que eu correspondi? Será que eu dei a devida atenção? Espero que sim, de coração.

Não vi meu avô consciente antes do hospital. Não conversei com ele. Não me despedi direito. Mas quero acreditar que ele sentiu todo carinho que tive com ele. Todo cuidado de tive no hospital. Tantas vezes que pedi e rezei por ele e sua melhora. Rezei para que fosse mentira. Rezei para que fosse um diagnóstico errado. Rezei para que não sofresse. Mas ele sofreu.

Ontem vi a pior cena da minha vida. Doeu. E dói. Espero que Deus cuide do meu avô. Que o deixe descansar em paz. Que não prolongue mais esse sofrimento. Quero que a minha avó tenha forças. Que minha mãe e meus tios parem de chorar. Que eu pare de chorar. E que meu avô fique em paz.

Eu achava que meu avô iria me ver casar. Eu o imaginava no altar com a minha avó. Imaginava ele brincando com os filhos que um dia terei. Mas ele não vai ver nada disso. Infelizmente.

Talvez esse texto seja uma forma de desabafar.... Um desabafo de alguém que ainda não achou explicação para as coisas acontecerem de forma tão rápida. Alguém que achou que era forte e não é. Não sei o que fazer. O peito dói. Não paro de chorar.

Acho que é por isso que, ultimamente, tenho desejado à todos aniversariantes “felicidades, saúde, serenidade e bons momentos”. O que seria da vida sem os bons momentos? Precisamos apenas vivê-los. Dar valor às pequenas coisas... Sejam as histórias que ouvimos repetidas vezes, o abraço carinhoso e até a bronca por abrir dez vezes seguidas a porta da geladeira.

O tempo passa rápido. Mas nem por isso podemos deixar de dar valor à um simples “bom dia”. Porque, amanhã, pode ser tarde demais....

4 comentários:

Unknown disse...

Paula,
Entrei meio que sem querer aqui e ao ler seu desabafo sobre seu avô me identifiquei demais e te entendo, entendo toda a sua dor. Digo isso porque quando perdi minha avó foi a mesma emoção. Eu tbém nunca tinha perdido ninguém importante...e foi tudo parecido c/ o que vc escreveu. Muito bem escrito!
Bjs
Mi

formatura disse...

Voçe retrata bem a situação. Dar ate pra sentir, mas foi bom pra voce que desabafou direitinho.
bjos
Vicente Bispo
vicentebispo@uol.com.br

Eterna Aprendiz disse...

Acho chic vc passar a postar aqui!
bjs

iQue disse...

Pelo twitter cheguei aqui, sei bem a dor da perda, perdi um avô e uma avó já, justo os meus exemplos e nem sei se deu tempo de aprender tudo!!! Má em fim, a vida segue, o consolo é a esperança de acertar tanto quanto eles (ainda que o tempo que vivamos seja outro) e torna-los eternos (no nosso pensamento e) na forma como conseguirmos!!!
Sou seu seguidor, quando quiser desabar(far) estou a cá!!!
bjão e força,
iQue